terça-feira, 17 de novembro de 2009

ESDI - Introdução

Criada em 1962, num momento de crescimento do capitalismo e da industrialização no Brasil. A ESDI foi a primeira escola de desenho industrial de nível superior em toda América Latina.

Desde sua implementação, a ESDI oferece curso design integrado, com habilitação dupla obrigatória em design gráfico (comunicação visual) e design de produto (projeto de produto).

Teve como seu primeiro diretor Maurício Roberto e vários nomes importantes do mercado mundial de designer passaram pela ESDI, como Alexandre Wollner.

Em 1975 foi integrada a UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Hoje ela oferece o curso de graduação em desenho industrial e mestrado em Design, além de desenvolver atividades de pesquisa e extensão. Seu ingresso é feito anualmente através de vestibular.

O Design é a área do conhecimento que trata do planejamento, da programação e do projeto de objetos. A ESDI foca seus ensinamentos na ergonomia do produto.

É encontrada em suas instalações: biblioteca especializada; oficinas que trabalham com madeira, metal, vidro, entre outros; prototipagem rápida; gráfica; laboratórios de fotografia e informática; e salas de aula e de pesquisa.





Pessoas envolvidas com características profissionais das duas escolas, BAUHAUS e HfG-Ulm, fizeram parte da criação da ESDI.


Antes da criação da ESDI foi construído no Museu de Arte Moderna do Estado do Rio de Janeiro o bloco-escola, local designado para cursos precursores à ESDI. O MAM foi cogitado a sediar a escola de desenho industrial, mais tarde foi descartada a idéia de um convênio entre o estado e o autônomo museu.






No dia 25 de Dezembro de 1962 sai o decreto 1443, tornando oficial a ESDI.

Professores importantes: Alexandre Wollner, Gui Bonsiepe, Tomás Maldonado, Karl Heinz Bergmiler,

Aloísio Magalhães




Alunos importantes : Gilberto Strunck, Ana Luisa Escorel, Nelson Mota, Fábio Lopes – Criador do polêmico jogo “WAR IN RIO”

Contexto Social da época

·John F. Kennedy é eleito presidente dos E.U.A
·Revolução Cubana
·Guerra do Vietnã
·Corrida espacial
·Guerra Fria
·Movimento hippie
·Surgimento da pílula anticoncepcional feminina

Contexto econômico da época

Em dezembro de 1962, foi divulgado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Elaborado por Celso Furtado, futuro ministro Extraordinário para Assuntos de Desenvolvimento Econômico, o plano seria adotado e conduzido pelo ministro da Fazenda San Tiago Dantas. Seu principal objetivo era a contenção da inflação aliada ao crescimento real da economia, prevendo também as chamadas reformas de base, já anunciadas no regime parlamentarista e que incidiam sobre as estruturas agrária, bancária, fiscal, entre outras. Durante esses anos de governo, as reformas e os reajustes salariais e a estabilização da economia, com o controle da inflação, foram os dois pólos de conflito da política econômica e da tentativa de implementação do Plano Trienal. Às pressões externas, do governo americano e do Fundo Monetário Internacional (FMI), condicionando os empréstimos externos à adoção de medidas restritivas ao crescimento, correspondiam as reivindicações populares e dos setores da esquerda brasileira.

Contexto artístico e cultural da época

A cultura foi impulsionada e espelhada, na década anterior, de 50, na qual o mundo todo encontrava-se em mudança cultural nos mais variados grupos sociais.

Música
·Os Beatles comandam a Invasão Britânica, ou British Invasion, no rock, seguidos por The Rolling Stones, The Who, The Animals e vários outros.
·Surge a música de protesto, com Bob Dylan, Joan Baez, Peter, Paul and Mary, entre outros, já nos primeiros anos da década.
·O Rock and Roll ganha crescente popularidade no mundo, associando-se ao final da década à rebeldia política.
·No início da década o rock recebeu no Brasil o nome de iê-iê-iê.
·Na música erudita, começa a se desenvolver o minimalismo, a partir das obras de Philip Glass.
·Em 1963 surge o Clube da Esquina, importante conjunto musical mineiro, com Milton Nascimento e os irmãos Borges.
·Chega aos cinemas em 1964 o primeiro filme dos Beatles, A Hard Day's Night. No Brasil recebeu o nome Os Reis do Iê, Iê, Iê.
·Em 1965 Elis Regina interpreta Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, e com isso surge a MPB, ou Música Popular Brasileira, no Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.
·O programa Jovem Guarda estréia em 1965, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa de tevê acaba gerando o movimento com o mesmo nome, onde os jovens tiveram pela primeira vez um espaço, lhes permitindo uma identidade própria, pois foi a primeira vez que se era dedicada aos adolescentes uma parte do cenário cultural.
·Em 1966, Chico Buarque se revela ao público brasileiro com a canção, "A Banda", interpretada por Nara Leão, durante o Festival de Música Popular Brasileira, transmitido pela TV Record (a canção empata em primeiro lugar com "Disparada" de Geraldo Vandré).
·Surge o Movimento Tropicália, em 1967. Com Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de Os mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.
·Em 1967 os Beatles lançam aquele que é considerado o melhor álbum da história: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. O álbum se tornou um dos discos mais vendidos da história e tido como o mais influente.
·Ainda em 1967, surge o primeiro festival de rock Monterey Pop Festival, ou Festival Pop de Monterey, na California. Organizado por Lou Adler, John Phillips (The Mamas & The Papas) e Derek Taylor o festival foi a estréia de The Jimi Hendrix Experience, com Jimi Hendrix; Big Brother and the Holding Company, com Janis Joplin e Otis Redding.
·Em 1969 ocorre o Festival de Woodstock, nos EUA, com apresentações ao vivo de Jimi Hendrix, Creedence Clearwater Revival, The Who, Sly and Family Stone, Carlos Santana, entre outros lendários do rock clássico.

Televisão
·Começam as transmissões de TV em cores no mundo.
·A TV brasileira começa a utilizar a tecnologia do vídeo-tape, que permitiu a edição de programas televisivos, reduzindo o risco de erros, comuns nas exibições ao vivo.
·Inaugurada a Rede Globo, no Brasil.
·A televisão passa a se tornar meio de comunicação em massa.
·1967-1968 tornam-se os anos do auge dos festivais da canção, no Brasil, que eram uma forma alternativa de expressão político-ideológica da juventude, diante da repressão da ditadura militar.
·A TV Record lança o programa musical, "Jovem Guarda" (1965-1968), apresentado por Roberto Carlos, com Erasmo Carlos e Wanderléia.

Teatro
·Musical “MINHA QUERIDA LADY” com Bibi Ferreira e Paulo Autran.

Filmes
·É filmado A Bout de Souffle (Acossado, título no Brasil), de Jean-Luc Godard, trazendo a bela Jean Seberg, atriz que se tornaria ícone de beleza da década.
·O clássico La Dolce Vita (no Brasil A Doce Vida), de Federico Fellini, com Anouk Aimée, Anita Ekberg e Marcello Mastroianni.
·O diretor Stanley Kubrick lança Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), uma das maiores e mais duras críticas satíricas à Guerra Fria.
·Brigitte Bardot reina absoluta como o maior símbolo sexual da década.
·A atriz Audrey Hepburn estrela Breakfast at Tiffany's (no Brasil Bonequinha de Luxo). O figurino de Hepburn para o filme é do estilista francês Givenchy.
·O filme brasileiro O Pagador de Promessas, adaptação do produtor, diretor e ator brasileiro Anselmo Duarte da peça homônima de Dias Gomes, recebe a Palma de Ouro do Festival Internacional do Filme de Cannes, na França. É a primeira vez que um filme brasileiro ganha o prêmio máximo do festival.
·Surge a série de filmes de James Bond, o espião 007, das novelas de Ian Fleming. O primeiro é Dr. No , no Brasil 007 Contra o Satânico Dr. No, com Sean Connery e a sensual Ursula Andress. No filme, a célebre cena de Andress usando um inesquecível biquíni branco saindo do mar.
·Blowup, de Michelangelo Antonioni, com Jane Birkin e Veruska é um filme cheio de referências dos anos 60.
·Nesse ano também, ao som de Mrs Robinson, entre outros sucessos de Simon & Garfunkel, Dustin Hoffman vive um jovem universitário recém-formado que se inicia sexualmente com uma mulher mais velha, no clássico The Graduate, A Primeira Noite de um Homem no Brasil, de Mike Nichols.
·A atriz Jane Fonda é Barbarella, a sensual heroína espacial do filme de homônimo de Roger Vadim.
·Easy Rider (Sem Destino), é um dos filmes mais vigorosos dos anos 60, de Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern, estrelando os próprios, Fonda e Hopper, e Jack Nicholson. O filme critica a intolerância e a vulgaridade da sociedade americana.

Livros
Os jovens são influenciados pelas idéias de liberdade On The Road, livro do beatnik Jack Kerouac, da chamada geração beat, começavam a se opor à sociedade de consumo vigente.

Moda anos 60

Primeira geração de estilistas formados em escola de arte: Yves Saint Laurent, Cardim, Courréges, Rabanne.

Influenciou na moda as obras de Mondrian, estampas geométricas com cores fortes e na modelagem vestidos tipo trapézio e tubinho. O movimento hippie também influenciou a época.







A escola


No governo de J.K., Brasília passou a ser a capital do País e o RJ se tornou o Estado da Guanabara e ter como seu primeiro governador Carlos Lacerda. Quem nomeou como secretário de educação Flexa Ribeiro, este criou um grupo de trabalho, visando o crescimento da industrialização no país, e a necessidade de capacitar pessoas.
A princípio, este grupo de trabalho foi composto por Wladimir Alves de Souza – diretor da Faculdade Nacional de Arquitetura. Maurício Roberto, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil e Lamartine Oberg, diretor do Instituto de Belas artes do Estado da Guanabara.
O MAM foi o primeiro lugar a ser pensado já que Tomás Maldonado e Otl Aicher havia implantado ao museu um bloco-escola visando o impacto industrial. Aloísio Magalhães e Alexandre Wollner também fizeram parte do projeto, com cursos sobre gráfica experimental.
Em fevereiro de 1961, Lamartine Oberg encaminhou um relatório ao secretário Flexa Ribeiro, de uma pesquisa feita pelo mesmo com o apoio da Divisão Cultural do Ministério das Relações Exteriores que apresentava um levantamento sobre o ensino de desenho industrial no exterior. Oberg fez várias críticas à Maldonado, usando o nome de Max Bill, que teria lecionado na HFG-Ulm para o brasileiro Alexandre Wollner e Karl Heinz Bergmiller, o segundo casou-se com Zulema Rida.
A idéia de fazer a escola no MAM decaiu, não seria viável a um museu autônomo, ser vinculado ao Estado. Outro lugar também pensado a criar uma escola foi o IBA-Instituto de Belas Artes, pelo próprio Oberg.
Segundo depoimento de Flávio de Aquino feito em 1984, na sua aula de despedida da ESDI, ele e Simeão Leal que fazia parte da comissão de estruturação da escola, passaram em frente ao terreno da Evaristo da Veiga onde Simeão exclamou:”O local é este!” O pedido pelo local foi feito através de um memorando ao então vice-governador Rafael de Almeida Magalhães.
Três foram os problemas do projeto até a criação da ESDI: os problemas didáticos e curriculares, o espaço físico e a institucionalização do curso.
Depois de tantas divergências e opiniões contraditórias, em 25 de dezembro de 1962, pelo decreto 1443, a ESDI se torna oficial. Em 17 de junho de 1963, o decreto N nº3 dispunha quanto à sua organização. Foi a primeira escola de nível superior na América Latina focada ao Desenho Industrial.

Conclusão

Em nossa avaliação, e ESDI foi de crucial importância não só aos profissionais de Desenho Industrial, mas também ao crescimento da industrialização e teve pessoas de “peso” envolvidas tanto na sua criação como na elaboração de sua pasta acadêmica. Até hoje a ESDI é referência mundial, apesar de manter uma estrutura estagnada por se tratar de um órgão público. Mesmo assim, podemos afirmar que saem da ESDI profissionais capacitados e aptos para projetar soluções de problemas que surgem no dia-a-dia de todos nós. O Rio de Janeiro tem muito do que se orgulhar em sediar a primeira escola da América Latina de Nível Superior do curso de Design.

Bibliografia

·esdi biografia de uma idéia
Pedro Luiz Pereira de Souza – ed. UERJ


·www.esdi.uerj.br
·www.google.com.br
·www.almanaque.folha.uol.com.br
·www.espaco.com
·www.contextopolitico.blogspot.com